domingo, 25 de agosto de 2013

Táticas de combate no programa Rivest Haste

Ainda durante o conflito do Vietnã, a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) buscou uma otimização de seu principal avião de caça naquela arena de combate tentando sanar problemas identificados nos enfrentamentos reais, como resultado emergiu o F-4E (Echo), o novo Phantom tinha entre outras coisas um canhão M-61 Vulcan agora orgânico, e um ainda rudimentar predecessor do sistema HOTAS (mãos na manete de potência e manche). O programa de melhorias conhecido como Rivest Haste também envolvia desenvolvimento do treinamento das tripulações, neste artigo trago uma tradução de um trecho do livro "Sierra Hotel - Voando caças na Força Aérea na década após o Vietnã" de C. R. Adering que trata das táticas desenvolvidas no programa.


F-4E com a camuflagem utilizada no Conflito do Vietnã

Rivet Haste



O programa que adicionava modificações na aeronave e treinamento das tripulações aéreas em um pacote foi apelidado de Rivest Haste, e foi um claro sinal de que a Força Aérea percebeu como fracamente eles tinham equipado e treinado sua força de caça. O programa Rivest Haste desovou em slat, TISEO, e os modelos de F-4E, mas mais do que isto ela enfatizava a experiência e treinamento dos pilotos. O TAC, sob a égide do Rivest Haste, escolheu tripulações altamente experientes, todos veteranos de combate, para formar uma força de elite de matadores de MiGs.


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Migmaster



No mundo da aviação militar para a grande maioria e também os menos atentos o grande foco das atenções sempre são as aeronaves mais rápidas, potentes e tecnologicamente mais sofisticadas, e algumas coisas dignas de nota costuma passar despercebidas.
O conflito do Vietnã mostrou que o lendário F-4 Phantom fruto da filosofia então vigente de interceptador não corresponderia às expectativas de seu desempenho e sofisticação naquele exótico cenário.
Um inteceptador como o Phantom era desenhado para decolar e ganhar o céu tão rápido quanto possível, alcançar cinquenta a sessenta mil pés de altitude em velocidade supersônica e então localizar e destruir os grandes e pouco manobráveis bombardeiros estratégicos inimigos se aproximando da área continental dos Estados Unidos ou de seus navios porta-aviões utilizando mísseis de emprego além do alcance visual.
As deselegantes estatísticas do Phantom contra os pequenos e manobráveis MiGs do Vietnã do norte acenderam uma luzinha vermelha nas cabeças pensantes da comunidade de aviação de caça dos Estados Unidos. Uma das consequências disso foi o "Projeto Barão Vermelho III" como ficou conhecido um extensivo trabalho de análise dos encontros aéreos no sudeste asiático no pós-guerra, cobrindo algumas centenas de engajamentos decisivos nos quais aeronaves norte americanas ou nortes vietnamitas e até mesmo de ambos os lados foram perdidas.

Entre os números do Projeto Barão Vermelho III uma aeronave conseguiu um destaque interessante, o F-8 Crusader permitiu que seus pilotos conseguissem abater 19 MiGs enquanto que apenas 3 F-8 foram perdidos para aeronaves inimigas conseguindo uma razão vitória derrota de 6,3 para 1, o melhor desempenho entre as aeronaves de combate dos EUA naquele conflito, ganhando o carinhoso apelido de "Migmaster".
No período entre 1964 e 1969, pilotos de Crusader abateram dezesseis MiG-17 e três MiG-21, o F-8 era armado com quatro canhões de 20 mm e dois mísseis AIM-9 Sidewinder orientados por infravermelho. Quinze destes MiGs foram destruídos por mísseis Sidewinder, dois MiGs foram danificados por mísseis e então destruídos por fogo de canhão dos Crusaders. Assim apenas dois dos dezenove MiGs abatidos pelo Crusader foram atribuídos somente aos canhões de 20 milímetros.

O Que fez do Crusader tão excepcional?


Muitos consideram que naquela época, o Crusader era verdadeiramente o único caça de superioridade aérea no arsenal inteiro dos EUA, e os pilotos de Crusader da Marinha orgulhosamente referiam se a si mesmos como "Os últimos caçadores canhoneiros". Numa época em que as aeronaves de combate saiam de fabrica sem armas de cano em detrimento dos mísseis, a mentalidade de interceptador e a falta de canhão destruíram o desejo de praticar manobras de combate aéreo tanto na Força Aérea quanto na Marinha e os canhões do Crusader fizeram toda a diferença, não como a arma mais importante, mas a necessidade de deixar seus pilotos aptos a empregá-los.
Os canhões foram pouco utilizados no combate real, mas o fato de os carregarem incluía em seu adestramento o treinamento em tempos de paz que mantinham seus pilotos proficientes em manobras de combate aéreo.
Treinamento realístico de combate aéreo geralmente é mais importante que a desempenho da aeronave em dogfight, e os pilotos de Crusader receberam mais treinamento de combate aéreo que qualquer outro grupo de pilotos. No geral as manobras que conduzem ao posicionamento de disparo dos canhões, são as mesmas que colocavam seus caças dentro dos melhores parâmetros de disparo dos mísseis Sidewinder das gerações empregadas no Vietnã.
As variáveis abordadas pelo Projeto Barão Vermelho III incluíam o prévio tempo de voo dos pilotos, sua experiência de combate, nível de treinamento ACM, idade e posição na formação no momento do engajamento. Os resultados do estudo mostraram que os fatores que mais definitivamente influenciaram o resultado dos engajamentos decisivos foram:

(1) o prévio treinamento ACM dos pilotos e...
(2) a posição do piloto na esquadrilha (formação) que em situações de guerra depende do nível de experiência.

O Projeto Barão Vermelho III incluíam entrevistas com os pilotos participantes dos engajamentos analisados, Quando questionados sobre quais foram os principais fatores que contribuíram para a habilidade de alcançar uma postura ofensiva em um encontro ar-ar, as duas principais respostas foram:

(1) Treinamento e experiência e
(2) Alerta e detecção.


Depois do conflito do Vietnã nenhum outro país investiu tanto no preparo e treinamento de seus pilotos quanto os EUA.