sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

HMCS Falcon BMS 4.32

Aviação de combate do mundo virtual



Neste post apresento a tradução do trecho sobre o HMCS do manual do Falcon 4 BMS 4.32, embora o texto seja um tanto superficial, é de grande ajuda na introdução á utilização desta ferramenta indispensável para o dogfight também informalmente conhecida como "mira montada no capacete" que é associada ao AIM-9X Sidewinder de capacidade de alto ângulo off-boresight.

OBS: Se você utilizar esta tradução por ai, não esqueça de mencionar o nome do titio “RODMAN”.

HMCS - HELMET MOUNTED CUEING SYSTEM 
(SISTEMA DE INDICAÇÕES MONTADO NO CAPACENTE)
TO BMS1F-16CJ-AMLU-34-1-1
AVIONICS AND NONNUCLEAR WEAPONS DELIVERY FLIGHT MANUAL
FALCON 4 / BMS SERIES AIRCRAFT
 Pag. 100

O HMCS (Helmet Mounted Cueing System - Sistema de indicações montado no capacete) é um dispositivo eletro-ótico (E-O) que serve como uma extensão do HUD (visor de cabeça erguida) mostrando armas, sensores e informações de voo ao piloto. Combinado a um míssil de alto ângulo off-boresight, o sistema oferece a capacidade de ver primeiro, atirar primeiro e abater primeiro na arena de combate visual.



O HMCS está apenas disponível em aeronaves na base de dados que tem a opção flag "Has HMS" selecionada. O HMCS é controlado através do reostato (botão giratório de acionamento e controle de intensidade) da simbologia HMCS (OFF/ON e controle de brilho) no cockpit 3D ou teclado:

SimHmsSymWheelUp -1 0 0XFFFFFFFF 0 0 0 1 "HMCS Brightness Up"
SimHmsSymWheelDn -1 0 0XFFFFFFFF 0 0 0 1 "HMCS Brightness Down"



O HMCS é basicamente uma extensão do HUD, e como tal, os temas que são fornecidos pelo HUD estão em um mostrador singular que pode ser visto no mundo de fora do cockpit. O HUD e o HMCS são considerados como SOI (sensor de interesse) (por exemplo, eles compartilham a interruptologia HOTAS). O FOV HMCS (campo visual do HMCS) é definido como um círculo de 20 graus de diâmetro centrado na LOS HMCS (linnha de visada). Onde quer que o piloto olhe dentro do campo do campo de observação (FOR) do HMCS, os símbolos apropriados da aeronave são apuradamente mostrados, baseados na atual LOS HMCS.

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O HMCS executa diferentes funções:
1. Marcas off boresight (ainda não implementado).
2. indicação de alvos A-G  (ainda não implementado).
3. Designação de alvos off boresight - dive toss (DTOS) e visual eletro-ótico (VIS EO) (ainda não implementado).
4. Escravização off boresight do FCR (radar de controle de fogo) no modo A-A.
5. Escravização off boresight do míssil AIM-9.
6. Informações de performance e estado da própria aeronave.


Páginas de controle

O HMCS tem duas páginas de controle DED. A primeira é acessada apertando LIST - 0 [ICP]. A segunda pode se acessada apertando SEQ no ICP. A primeira permite ao HUD e cockpit o apaguem o HMCS, o que permite que o HMCS seja desligado quando o piloto olha em direção tanto do HUD quanto para baixo dentro da cabine. O HMCS e o HUD compartilham muitos símbolos, que tendem a entrar em conflito com outros quando se olha através do HUD e um HMCS. O apagamento frontal (feito pelo HUD) é um dispositivo para evitar sobreposição de simbologias que remove todos os símbolos (nos modos A-A ou A-G) quando a LOS HMCS (cruz bore) está dentro do da borda interna do campo visual (FOV) do HUD. A região HUD de apagamento aplica se quando a diferença entre o LOS HMCS e o CTFOV do HUD é menor que +10º em azimute e +10° em elevação.

Apagamento feito pelo HUD

O mecanismo de apagamento HUD é controlado através da página DED do mostrador HMCS colocando se os asteriscos em torno do HUD BLNK e apertando o M-SEL no ICP. Quando selecionado o modo, HUD BLNK fica destacado e se mantêm destacado até ser desselecionado, e os asteriscos automaticamente saltam para apagamento do cockpit (CKPT BLNK). O apagamento HUD é desselecionado posicionando os asteriscos em torno do HUD BLNK destacado e apertando o M-SEL. Envolvendo o HUD BLNK não tem impacto na habilidade de escravizar mísseis no HMCS LOS.

Apagamento feito pelo Cockpit

O apagamento do cockpit (CKPT BLNK) é um dispositivo de dessaturação de mostradores que remove todos os símbolos HMCS exceto o diamante de míssil, o diamante de steerpoint, cruz de pontaria, símbolo de bore ACM, e caixa de designação do alvo do mostrador quando a LOS HMCS estiver abaixo das molduras da capota do cockpit. A cruz de pontaria do HMCS, linha localizadora de alvo, e caixa de alvo continuará sendo mostradas no HMCS quando o apagamento do cockpit estiver habilitado e a LOS HMCS estiver na região de apagamento do cockpit. O apagamento do cockpit reduz a saturação dos olhos quando executando tarefas que exigem o abaixamento da cabeça (para dentro do cockpit). O apagamento do cockpit é controlado de uma maneira similar ao apagamento HUD.

Dessaturação

O HMCS tem 3 níveis de dessaturação disponíveis. Para alternar através destes níveis, posicione os asteriscos ao redor de DCLUTTER e aperte qualquer tecla de 1 a 9.

LVL1 (nível 1) é o nível mais baixo de estado de dessaturação e não irá dessaturar nada.

LVL2 dessatura as seguintes informalções: altitude, distância para o steerpoint, e a escala de direção do capacete.

LVL2 dessatura as seguintes informações:
altitude, distância para o steerpoint, escala de direção do capacete, velocidade, aceleração normal, e janela de estado ARM.


Apagamento manual do HMCS

O DMS (display management switch - interruptor de gerenciamento de mostrador - HOTAS) habilita e desabilita o mostrador HMCS. Pressionando o DMS para trás e mantê-lo apertado por mais de 0,5 segundo [atalho: CTRL + ALT + seta para baixo] alterna o HMCS entre mostrar a e não mostrar a simbologia. Este dispositivo é independente do estado blanking do HUD ou CKPT. Você pode apagar o HMCS a qualquer momento pelo sistema HOTAS através do botão DMS para trás por mais de 0,5 segundos. Quando a simbologia for apagada, o sistema de aviônicos volta como se o capacete não estivesse com o sistema de aviônicos e retorna a linha base de operações ACM na operação BORE.

Cruz de pontaria dinâmica HMCS

A cruz de pontaria dinâmica é desenhada para permitir ao piloto escravizar mais facilmente a arma ao LOS HMCS durantes manobras de alto G.
A cruz move se linearmente em elevação apenas a partir do centro do FOV HMCS mais 168-mR na elevação da cabeça mudando de +30 para +80 graus.

Operações Ar-Ar

A mecanização HMCS A-A fornece a capacidade de escravizar o míssil A-A AIM-9 á cruz de pontaria LOS do HMCS quando o míssil estiver no modo LOS BORE. Além disso, quando o FCR (radar de controle de fogo) é colocado no ACM BORE, o FCR comandado pela LOS HMCS quando as seguintes condições forem fundidas:

1) Modo BORE ACM está selecionado.
2) O FCR é o SOI (sensor de interesse).

O HMCS preenche sua janela com dados e posição de símbolos baseadas nas mesmas condições e necessidades de exibição de dados e símbolos no HUD.

Operação BORE do Míssil AIM-9

Quando um míssil AIM-9 é selecionado com o HMCS e a LOS do míssil é BORE (apertando o cursor-z [comando HOTAS] - [atalho: SHIFT + N]), o sistema de aviônicos escraviza a LOS do míssil á LOS cruz de pontaria do HMCS (Figura 46). Note que quando o míssil AIM-9 está destravado, o diamante de míssil alargado é mostrado no HMCS. Se o HMCS não estiver ligado, o diamante de míssil é mostrado apenas no HUD.

Quando SLAVE é selecionado com um TOI (alvo de interesse), o sistema de aviônicos escraviza o míssil à LOS FCR e o diamante de míssil é mostrado no LOS FCR do HMCS. Com SLAVE selecionado e nenhum TOI, o buscador do míssil aponta três graus abaixo da cruz bore do HUD.


Nota

O diamante do míssil será mostrado no centro do HMCS 28º acima do boresight. Fora de 28 graus, o diamante do míssil se moverá para fora do centro do mostrador até que alcance a borda do mostrador HMCS. Ultrapassando este ponto, um X é mostrado sobre o diamante do míssil.

Escravizando o BORE ACM FCR sem um TOI (FCR não locado)

Quando o BORE ACM está selecionado e o TMS [HOTAS] é mantido para frente [atalho: CTRL + seta para cima] , o radar é escravizado á LOS da cruz de pontaria do HMCS em um estado não radiante. A elipse BORE ACM FCR é mostrada no HMCS centrada na LOS FCR. O radar é comandado para radiar [emitir] quando o TMS é mantido apertado para frente. O radar tenta adquirir automaticamente um alvo na elipse BORE ACM quando o TMS é apertado para frente. Note que se o LOS HMCS é movido para trás do limite gimbals do FCR, o sistema de aviônicos continua tentando escravizar o LOS FCR para o LOS HMCS mesmo que os limites gimbal do FCR tenham sido alcançados. Neste caso, a elipse BORE ACM FCR continua mostrada sobre a cruz de pontaria HMCS, mesmo que o FCR esteja em seus limites e não possa alcançar a LOS HMCS atual.

Escravizando BORE ACM FCR com um TOI (FCR locado)

Se houver um TOI válido em na entrada ACM, o sistema de aviônicos controla os submodos ACM como linha base.

Alternar BORE/SLAVE

Mudando a opção BORE/SLAVE na página base SMS para um ou outro, AIM-9 ou AIM-120 mudará simultaneamente o estado BORE/SLAVE para ambos os tipos de mísseis (dependendo do modo mestre). O cursor cursor-z [HOTAS "shift + N"] pode também ser usado para mudar o estado oposto tão logo o interruptor seja mantido apertado. Soltar o cursor-z  [HOTAS "shift + N"], o retorna ao estado original (função "homem morto"). O HMCS indicará SRM-S ou MRM-S para SLAVE, e SRM-V ou MRM-V para Visual BORE.



Notas e traduções:


A - A - Modo de operação "ar-ar", para uso do radar ou disparo de arma contra alvos no ar (em voo).


A - G - Modo de operação "ar-solo", para uso do radar ou disparo de armas contra alvos no solo (ou na superfície - incluindo o mar).


Aiming cross / Cruz de pontaria - Símbolo que indica a direção da linha de visada do HMCS.


ARM - Estado do interruptor mestre "armado" (uma espécie de trava de segurança), nele as armas estão destravadas e podem ser disparadas.


ACM - Air combat mode - Modo de combate aéreo - Modo de operação Radar/HUD dedicado ao uso em combate aéreo.


ACM bore symbol - Símbolo que indica a direção do eixo boresight [não confirmado].


Blanking - Apagamento - Recurso que apaga a simbologia do HMCS quando a linha de visada do mesmo está voltada em direção ao HUD ou para dentro do cockpit (cabine).


Bore - Um dos modos de uso da combinação HUD/Radar, na qual o radar faz busca de alvos dentro da área do campo visual do HUD (em torno do eixo boresight), e o radar efetua a "locagem" (acoplamento) automaticamente no primeiro alvo que ele encontrar nesta região de busca.


Borecross - Cruz bore - Símbolo em forma de cruz que indica a linha de visada do HMCS.


Boresight - Este termo se refere ao estreito campo visual de um sistema de observação (e pontaria) quando restrito ao eixo longitudinal da aeronave ou míssil, este termo provavelmente tem sua origem na época em que a única artilharia de um avião de caça era as armas de cano (metralhadoras e canhões) e seu campo visual de pontaria era bem limitado, pois o eixo de tiro de tais armas geralmente é paralelo ao eixo longitudinal da aeronave. A pontaria dos mísseis hoje em dia pode ser acoplada ao radar em ângulos fora deste eixo (+/- 60° fora do eixo boresight) ou em ângulos ainda maiores pelo uso do HMCS (+/- 90° fora do eixo boresight).


Cursor z /Cursor enable - Botão do sistema HOTAS.


Decluter - Dessaturação - Recurso que reduz o número de símbolos e informações no mostrador.


DED - Data Entry Display - mostrador de entrada de dados - Pequeno mostrador de texto utilizado para leitura e entrada de dados nos sistemas da aeronave (F-16). 


DMS - Display Management Switch / Interruptor (ou botão) de gerenciamento de mostrador - Um dos botões do sistema HOTAS.


E-O - Electro-Optical / eletro-ótico.


FCR - Fire Control Radar - Radar de controle de fogo.


FOR - Fild-of-regard / Campo de observação - Região que pode ser observada por um sistema de observação ou rastreamento, ou seja, a região para onde o FOV pode ser direcionado. 


FOV - Fild-of-view / Campo visual - Região que pode ser vista por um sistema de observação ou rastreamento em um determinado instante.


Gimbals - A tradução direta para este termo é algo como "articulação cardã", é a estrutura que permite á antena do radar ou a cabeça rastreadora do míssil apontar em várias direções fora do eixo longitudinal, mas que obviamente tem limites.


Head-down - ação de abaixar a cabeça para efetuar a leitura de algum instrumento do painel, mapas e etc, dentro da cabine.


HMCS - Helmet Mounted Cueing System / Sistema de indicações montado no capacete - É um sistema inclui mostradores transparentes instalados no capacete do piloto posicionados diretamente a frente de seus olhos, tais mostradores apresentam informações da aeronave, navegação, o sistema também rastreia o movimento da cabeça do piloto podendo escravizar o radar ou a cabeça de busca de mísseis (ou ambos) permitindo fazer pontaria.


HOTAS - Hands On Throttle-And-Stick / Mãos na manete (acelerador) e no manche - Conceito no qual um sistema composto de vários botões permite ao piloto manipular e vários sistemas sem tirar as mãos dos principais controles de voo da aeronave, nos quais tais botões estão instalados.


HUD - Head up display - Visor de cabeça erguida - O HUD é um mostrador transparente localizado sobre o painel de instrumentos da aeronave (e ao nível dos olhos do piloto) e exibe  várias informações pertinentes ao voo e navegação, o HUD também é alinhado com o eixo boresight da aeronave o que permite também que se faça a pontaria das armas. O significado da sigla vem da época em que tal sistema entrou em serviço, até então o piloto precisava desviar seu olhar para baixo para fazer a leitura dos instrumentos do painel para obter informações sobre voo e navegação.


ICP - Integrated Control Panel / Painel de controle integrado. Painel de "teclas" para a entrada de dados nos sistemas da aeronave (F-16).


LOS - Line of sight / Linha de visada. A LOS é a linha reta entre você ou o teu sistema (radar, cabeça de orientação do míssil) e o objeto sendo visado.


Missile diamond - Diamante do míssil. Símbolo que indica a ativação do míssil e sua LOS.


Missile seeker - Buscador do míssil (ou cabeça de busca / orientação do míssil)


MRM - Medium Range Missile - Míssil de médio alcance.


M-SEL - Mode Select / Seletor de modo - Interruptor do ICP.


No radiate / Não radiante. Situação na qual o radar não emite radiação.


Off-boresight - Fora do "eixo boresight" (ou eixo longitudinal da aeronave/míssil), capacidade de disparar armas (mísseis) contra alvos em grandes ângulos em relação a extensão frontal do eixo longitudinal (direção do nariz) da aeronave, ou do míssil quando este está no trilho de lançamento e seu eixo longitudinal está paralelo com o de sua nave mãe.


SEQ - Sequence / Sequência - Uma das funções de um dos interruptores do ICP.


Slaved - Escravizado - Quando um sensor está submetido aos movimentos de outro, por exemplo, o "míssil escravizado ao radar", a cabeça de busca do míssil aponta na mesma direção que o radar (a antena do radar). 


SOI - System of interest / Sistema de interesse. Como existem vários mostradores e sistemas na aeronave que compartilha os mesmos controles e interruptores do sistema HOTAS, para que não aja conflito de comandos e operações, tais controles ficam associados a um sensor de cada vez conhecido como SOI.


SRM - Short Range Missile / Míssil de curto alcance.


TD box - Targer Designation Box / Caixa designadora de alvo. Símbolo que acompanha um alvo rastreado pelo radar no HUD ou no HMCS.


TMS - Target Management Switch / Interruptor (botão) de gerenciamento de alvo. Um dos botões do sistema HOTAS.


TOI - Target of interest - Alvo de interesse.


Uncage - destravado - A cabeça de orientação do Sidewinder precisa ser destravada (liberada) para fazer o acoplamento de um alvo.

Rodney “RODMAN” Adorno. 29/02/2011

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

TOWERING INFERNO

Aviação de combate do mundo real.

Por Rodney Adorno


Logo após o então revolucionário F-15 Eagle entrar em serviço na USAF (Força Aérea dos Estados Unidos), percebeu-se que mesmo ele trazendo uma série de novidade para o combate, e embora fosse equipado com uma versão mais moderna do míssil AIM-7F Sparrow de orientação semi-ativa, a versão Foxtrot já era considerada bem mais desenvolvida e confiável que as versões utilizadas no conflito do Vietnã; sua arma de curto alcance o Sidewinder AIM-9J com buscador orientado por calor conhecido como míssil "rear aspect", que só era efetivo disparado contra alvos que apresentassem o "aspecto traseiro", pois tinham como alvo real a grande fonte de calor que era o tubo de exaustão do motor do "bandido". Esta séria limitação continuava obrigando o Eagle a curvar e manobrar para trás do adversário antes de ser disparado. Isto a primeira vista não era um problema para o Eagle que embora sendo uma aeronave grande, apresentava uma ótima manobrabilidade, mas nem todos os cenários seriam favoráveis a este tipo de combate.
Além de ser uma arma de alcance BVR (alem do alcance visual) uma das vantagens do Sparrow é sua capacidade "all-aspect" podendo ser disparado contra um alvo que apresentassem qualquer um entre "todos os aspectos" possíveis, até mesmo o contra alvos vindo de frente, entretanto tal míssil exige que a aeronave lançadora foque a energia de seu radar no alvo até que este seja atingido. Contra muitos alvos, o Eagles muitas vezes seria forçado a entrar em ”dogfight“,como são conhecidos os combates a curta distância, que na época envolviam curvas violentas buscando ás "seis horas" (retaguarda) do oponente para o emprego do míssil Sidewinder, o que concentra a atenção do piloto no hemisfério frontal de sua aeronave, e tornando-o sujeito ao ataque por trás vindo de um outro bandido não observado.

AIMVAL/ACEVAL

Tanto a USAF quanto a USN (Marinha dos Estados Unidos) buscavam uma solução para a principal limitação do Sidewinder, e havia cinco propostas de novos mísseis que o DOD (Departamento de Defesa dos Estados Unidos) resolveu avaliar em um teste conjunto entre USAF e USN que ficou conhecido como AIMVAL /ACEVAL (Avaliação de mísseis de interceptação aérea / avaliação de combate aéreo) que ocorreu no ano de 1977 e utilizaria outra grande novidade conhecida como ACMI (Instrumentação de Manobras de Combate Aéreo), que permitia que pilotos com aeronaves reais em voo igualmente real fizessem combates simulados com mísseis virtuais.

ACMI

O ACMI é um sistema composto por casulos de telemetria, e uma área coberta por estações de monitoramento e registro de telemetria. O casulo ACMI tem o tamanho do corpo de um míssil Sidewinder que pode ser instalados no trilho de lançamento padrão do mesmo míssil, este equipamento mede a posição, velocidade, altitude, carga G e uma série de outros parâmetros transmitidos para as estações de telemetria dentro da área ACMI, o sistema serve entre outras coisas, para arbitrar combates aéreos simulados de treinamento ou testes, permitido validação de disparos de mísseis ou canhões, indicando em tempo real quem foi "abatido" na simulação. O sistema também faz o registro de todos os eventos da simulação permitindo uma posterior analise sendo uma excepcional ferramenta de debrifim, instrução e avaliação.

Casulo ACMI instalado em um F-15 Eagle.


Os rivais

O time azul utilizaria os F-15 (USAF) e F-14 Tomcat (USN) e o time vermelho utilizaria os F-5E Tiger II ativos nos esquadrão agressor que naquela época simulava aeronaves MIG-21 então empregados em larga escala pelo Pacto de Varsóvia e países não alinhados aos EUA. Os esquadrões agressores são dedicados ao emprego de táticas e doutrinas de combate orientais, simulando prováveis inimigos dos EUA, suas aeronaves inclusive utilizavam esquemas de camuflagem da União Soviéticas.
Os grandes e potentes Eagle e Tomcat pareciam ser devastadores, com seus igualmente grandes e potentes radares, e mísseis de médio alcance tinham tudo para trucidar os limitados Tigers, mas a coisa não foi bem assim. Como um dos principais objetivos do programa AIMVAL era testar os mísseis IR de curto alcance, seus organizadores impuseram regras de engajamento que exigiam identificação visual dos alvos antes do disparo, forçando o time azul a entrar na arena visual.



A diferença de tamanho entre o F-15 Eagle e o F-5 Tiger. 
O Agressor (bem menor) com esquema de pintura soviética para simular o MiG-21.



A aviação de caça dos EUA teve uma péssima experiência com tal regra de engajamento no conflito do Vietnã, embora lá tenham lutado com o também grande F-4 Phantom e já contassem com mísseis de médio alcance das primeiras gerações do Sparrow, o problema da identificação amigo/inimigo a grande distância, num ambiente cheio de aeronaves azuis e vermelhas, era realmente confiável apenas através dos olhos do próprio piloto, sendo proibitiva qualquer vantagem de disparo além do alcance visual, como os episódios de fogo amigo logo demonstraram. A pouca manobrabilidade do Phantom e sua enorme visibilidade causada por seus motores fumacentos e a limitada eficiências das primeiras gerações de mísseis, além de não contar com uma arma de cano, tiravam a maioria de suas "vantagens teóricas" contra os ágeis MiGs-17,19 e 21 do Vietnã do Norte.
A campanha de testes foi de junho a novembro de 1977, AIMVAL exigia 540 engajamentos válidos e envolveu 1.800 surtidas, ACEVAL exigia 360 engajamentos válidos e levou a 1.488 surtidas, além de uma série de outras surtidas de experiência para alcançar o nível de proficiência necessário sem contar os engajamentos invalidados. Os enfrentamentos AIMVAL iam de situações (1 X 1) onde um único Eagle ou Tomcat enfrentavam um agressor para situações 1 X 2, 2 X 2, 2 X 4. ACEVAL avaliou táticas e outros fatores que afetam o resultado dos combates aéreos tais como tamanho, razão de força e as condições iniciais (vantagem azul, neutralidade ou vantagem vermelha).


Tática X Vantagem/Desvantagem


Houve certa liberdade para que os pilotos buscassem suas vitórias estimulando assim sua criatividade e espírito combativo, resultando em artimanhas bastante curiosas.
Para contornar o problema da identificação visual, alguns pilotos de Eagle improvisaram a instalação de lunetas de pontaria para rifle sobre o painel de instrumentos de suas aeronaves, colimadas com o canhão. Uma novidade no F-15 era que um alvo rastreado por seu radar mesmo que fora do alcance visual era exibido pelo HUD (visor de cabeça erguida) por um símbolo quadrado conhecido como caixa designadora de alvo, o piloto então poderia manobrar a aeronave para posicionar esta caixa de alvo diretamente a frente da aeronave, alinhando com o símbolo da “linha de água”, um grande W  no centro do HUD, e com o auxílio da luneta identificar visualmente uma aeronave a grande distância. A idéia não era uma grande novidade, o F-4E Phantom antecessor do Eagle já havia sido equipado com um telescópio eletro-ótico conhecido como TISEO, que para tal aeronave resolvia o problema da identificação visual a longas distâncias, tais sistemas foram rejeitado para o F-15 para diminuir os custos de aquisição e operação do Eagle, entretanto a opção dos participantes da AIMVAL/ACEVAL foi uma barata solução de baixa tecnologia. Alguns Tomcats durante sua vida operacional foram equipados com um sistema similar ao TISEO conhecido como TCS AAX-1.

A Luneta de rifle montada á direita do HUD ficou conhecida como “Eagle eye”


A conhecida desvantagem da combinação Eagle/Tomcat + Sparrow, é que por ser de orientação semi-ativa, o míssil busca os sinais de radar que emitidos pela aeronave que o lançara são devolvidos pelo alvo, o que impõe um contínuo rastreamento radar sobre o alvo até que ele seja atingido pelo míssil; este era um detalhe que poderia ser explorado pelos agressores. Tal sinal de radar é uma forte indicação de que você está sendo alvejado e que o adversário está totalmente comprometido com você. No conflito do Vietnã a aviação norte americana já havia testado sistemas de alerta de sinal radar conhecido como RWR, inicialmente desenvolvido par enfrentar a ameaça dos mísseis SAM SA-2. O time vermelho experimentou usar um sistema "doméstico" chamado Fuzzbuster, que nada mais era que um detector de radares da policia rodoviária, usado para evitar multas por excesso de velocidade. Assim que iluminado pelo radar adversário, os fuzzbuster alertava o piloto, a tática então era fugir do ataque ou tentar ficar invisível no filtro Doppler dos radares dos Eagle/Tomcat oferecendo um aspecto de 90° numa trajetória quase perpendicular ao atacante, a tática muitas vezes funcionava. Logo o sistema RWR passou a ser emulado de maneira rudimentar através do sistema ACMI.


O Fuzzbuster funciona na estrada e no céu, fez a diferença em alguns combates aéreos.


 O inferno na torre

No escaldante sol do meio dia no deserto de nevada, oito guerreiros marcaram um enfrentamento, a arena de combate seria a área ACMI conhecida como “o curral” dentro do complexo da Base Aérea de Nellis, quatro Eagles de um lado e a quarenta milhas a frente quatro Tigers, todos rasgando o céu a grande altitude uns em direção aos outros a uma velocidade combinada de 1.200 nós, menos de dois minutos os separavam de um dogfight. A formação de F-15 vinha em uma formatura line abreast, alinhados lado a lado com uma boa separação entre eles, varriam todo o céu distante a sua frente, com seus poderosos radares. A formação de F-5 tinha o apoio de controladores de solo e vinha em dois pares cerrados separados por alguma distância, no radar deveriam aparecer apenas como dois pontos.

A formação de Eagles cometeu um grave erro na partilha de alvos, ao invés de fazer uma marcação "homem-a-homem", quatro F-15 apontaram seus radares e mísseis em apenas dois F-5 na Formação vermelha, os outros dois agressores provavelmente viram isto em seus aparelhos de RWR e continuaram impunemente em direção a seus adversários e livres para buscar uma vantagem posicional.

Mesmo com os pilotos dos Eagles podendo fazer o acompanhamento visual dos contatos através da caixa  designadora de alvo no HUD, cada um deles só poderia fazer o rastremento radar a um único alvo, perdendo o rastreio dos demais membros da formação vermelha, e os F-5 só seriam realmente vistos pelos olhos dos pilotos a cerca de 4 ou 5 milhas, e sua identificação positiva a menos que isto, os pilotos agressores podiam ver os grandes F-15 a cerca de 11 milhas com seus próprios olhos.
Em algum momento os Eagles decidiram disparar seus mísseis Sparrow antes da "merge" como é conhecida a fusão onde os combatentes fazem seu primeiro passe uns pelos outros no momento que marca o início o dogfight, logo os quatro AIM-7F virtuais abatiam dois Tigers.

AZUIS 2 - VERMELHOS 0
Os Eagles podia ser vistos de longe pelos dois agressores sobreviventes, e seus mísseis infravermelho virtuais de curto alcance eram all-aspect, agora sensíveis o bastante para rastrear mesmo o frio aspecto frontal do grade F-15 e sua esteira de ar quente atrás de seus dois potentes motores, eles podiam ser disparado antes da merge, cara-a-cara, e logo declararam a morte de dois Eagles.
AZUIS 2 - VERMELHOS 2
Ao atingir o primeiro passe dois Eagles vivos trocaram olhares com dois Tigers vivos, começava assim a briga dos quatro cães ferozes, curvas violentamente fortes logo puxavam seus narizes e mísseis em direção uns dos outros, os radares dos F-15 rapidamente acoplaram seus alvo e dispararam seus Sparrows, um instante depois os Tigers apontavam e disparavam seus mísseis IR contra os grandes Eagles. Logo em seguida os agressores foram abatidos.
AZUIS 4 - VERMELHOS 2
Os mísseis infravermelhos disparados pelos Tigers do tipo "dispare e esqueça", encontrariam  seus alvos sem qualquer apoio de seus lançadores, e continuaram seu voo virtual de forma autônoma em direção aos Eagles, encerrando assim o combate com o abate de ambos. Os dois Eagles foram abatidos por caras já "mortos".
AZUIS 4 - VERMELHOS 4
ou seria 
zero a zero
?
Do primeiro míssil disparado até a ultima aeronave abatida foi 1 minuto e 52 segundos de combate, e no fim todas as oito aeronaves abatidas. Este evento passou a ser conhecido como "Towering Inferno" nome de um grande sucesso do cinema na época, filme que no Brasil recebeu o nome de "Inferno na torre". Embora não sendo considerado um engajamento válido, era mais uma das demonstrações de que grandes e sofisticados aviões de caça continuavam sendo muito bons na teoria, mas nem sempre venceria na prática, a combinação dos ainda limitados mísseis aos sofisticados F-14 e o F-15 mostravam que ainda não tinham atingido a maturidade como sistemas de armas.
Lições

As consequências das avaliações ACE/AIM foram enormes. Entre os cinco mísseis virtuais testados, o AIM-9L ou Sidewinder "Lima" foi escolhido para ganhar vida. Ficou claro que o fato do radar APG-63 do Eagle ficar amarrado a um único alvo perdendo consciência situacional dos demais contatos no disparo de um míssil Sparrow era algo que precisava ser corrigido, levando a modificações no software do radar, e a busca por um novo míssil de médio alcance que posteriormente veio a ser o AMRAAM AIM-120. O desafio das avaliações estimulou o desenvolvimento de novas táticas, entre elas surgiram novos meios de sobreviver a tiros BVR, e mísseis IR all-aspect. A experiência prática mostrava vantagens tecnológicas ou de desempenho em determinadas áreas nem sempre resistem ao contato com o adversário, e que novamente as táticas bem elaboradas e executadas explorando determinadas desvantagens do adversário podiam contrabalançar suas eventuais vantagens.